Dia Mundial da Conscientização do Autismo


Em um cenário de isolamento social provocado pela Covid-19, famílias vivem o desafio de manter o equilíbrio na rotina dentro de casa

O Dia Mundial do Autismo, celebrado anualmente em 2 de abril, foi criado pela Organização das Nações Unidas com o objetivo de promover a conscientização sobre o tema. Esse ano, a celebração será diferente, uma vez que o cenário é de isolamento social, necessário para prevenção da propagação do coronavírus.

Para as famílias, há um grande desafio ao lidar com a mudança de rotina imposta pelo quadro atual do coronavírus no país e no mundo. O médico geneticista e diretor da Sociedade Brasileira de Genética Médica e Genômica (SBGM), Rodrigo Fock, reforça a importância de criar rotinas no ambiente doméstico e na medida do possível procurar conciliar as necessidades da criança com as necessidades externas provocadas pelo necessário confinamento.

“São crianças que podem ter uma demanda em relação ao comportamento muito grande, Há muitas vezes outros transtornos associados, como hiperatividade, transtorno obsessivo compulsivo ou mesmo um grau de agressividade. Sem dúvida é um fator importante a ser observado em um cenário como o atual, no qual as famílias estão em reclusão nas suas residências”, explica.

O único caminho é trabalhar com tranquilidade uma vez que as famílias precisam criar rotinas que sejam adequadas sem expor ninguém ao risco. Também é importante a compreensão das pessoas que convivem na vizinhança ou arredores.

“Quando falamos em tratamento, o trabalho é terapêutico baseado em terapia cognitivo comportamental. Terapia ocupacional, fonoaudiologia e psicologia, por exemplo, trabalham de forma conjunta o que é importante para conseguir controlar o que são os comportamentos disruptivos. Porém, é claro que por conta da pandemia, essas consultas estão alteradas”, completa Rodrigo.

O médico destaca que em relação a infecção da Covid-19, a criança autista não tem riscos diferentes do que outra criança, com exceção dos casos em que há associada uma outra comorbidade como mal formação ou síndrome genética.

Transtorno do Espectro Autista (TEA) no Brasil

O cenário do Transtorno do Espectro Autista (TEA) no Brasil sofreu alterações nos últimos anos. Pessoas que, antes, não teriam diagnóstico, passaram a ter por conta de mudanças na forma como a medicina estuda o assunto.

“Houve uma mudança de paradigma. O diagnóstico é clínico e comportamental, ou seja não há exame genético, de sangue ou bioquímico que determine que alguém é autista. Existem diversas técnicas e forma de se avaliar a criança entre questionários, ferramentas e exercícios que ajudam a fazer esse diagnóstico. Por conta dessa forma que foi se refinando com o passar do tempo, entendeu-se que na verdade não existe um autismo, como descrito antigamente, mas sim um espectro no qual há diversos graus diferentes de comprometimento para cada característica clínica, do mais leve ao mais grave", finaliza o geneticista Rodrigo Fock.

Os dados internacionais mais recentes mostram uma prevalência de um para cada 54 pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). No Brasil, não há uma estatística oficial