Má distribuição nas regiões do país segue sendo preocupante para especialidade de genética médica.


Mais da metade dos profissionais com especialização estão na região Sudeste do Brasil enquanto o Norte possui apenas 1,7% do total de médicos geneticistas.

A distribuição desigual de médicos especialistas em genética médica em diferentes regiões pode ser atribuída a diversos fatores, incluindo a disponibilidade de recursos financeiros, a infraestrutura médica local, a oferta de programas de treinamento em genética médica e as oportunidades de emprego para médicos especialistas.

A pesquisa Demografia Médica no Brasil (DMB) de 2023 mostra 55,5% de médicos geneticistas na região sudeste. A segunda maior concentração está no Sul com 18,9%, seguido de Nordeste com 14%. O Centro-oeste concentra 9,8%, e o Norte apenas 1,7%. O estudo foi realizado em parceria da Associação Médica Brasileira (AMB) e da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP).

Outro dado que chama a atenção é a concentração de médicos especialistas em genética médica nas capitais, o que pode ter efeitos negativos para as populações de outras regiões que não têm fácil acesso a esses profissionais. Isso pode resultar em diagnósticos mais tardios e tratamentos inadequados para pacientes com condições genéticas, além de limitar a capacidade de pesquisa e desenvolvimento científico nessas regiões. A pesquisa mostra concentração de quase 74% dos especialistas nas capitais. Esse dado é desafiador na avaliação da Sociedade Brasileira de Genética Médica e Genômica (SBGM) uma vez que torna mais difícil prover acesso à população de áreas mais distantes dos grandes centros urbanos. A concentração de médicos especialistas em genética médica nas capitais pode levar a uma maior demanda por esses serviços, o que pode resultar em filas de espera mais longas e limitar o acesso aos pacientes de baixa renda.

"A concentração de um número maior de profissionais na capital é resultado da concentração da maioria dos serviços de genética médica nos grandes centros urbanos. Por isso há um problema de distribuição nos serviços de excelência no Brasil como um todo. É algo que precisa ser mudado. Um exemplo desta mudança é a recente habilitação no Norte do país de um serviço de referência em doenças raras”, afirma a presidente da Sociedade Brasileira de Genética Médica e Genômica (SBGM), Têmis Maria Félix.

Outra questão importante apontada pela presidente da SBGM é o aumento da procura pela Residência Médica na especialidade.

“Hoje, são 11 Serviços que oferecem residência em genética médica no país. Precisamos ampliar o número de hospitais que oferecem a Residência Médica bem como ampliar o número de vagas para, assim, formar mais profissionais qualificados na especialidade”, completou.